MEUS FILHOS
rianças. Ah... como eu gostaria que ainda fossem.
Lembro-me do primeiro olhar que,
iludido, pensei que era para mim, me reconhecendo como pai.
Lembro-me dos primeiros passos
que não foram passos...
Lembro-me também das quedas,
do choro de dor de ouvido, daquela cólica impossível de adivinhar...
Mas, lembro-me, acima de tudo
da cumplicidade, da confiança que tínhamos um no outro. As perguntas curiosas
sobre as coisas e, mais tarde, as perguntas curiosas sobre a vida...
Costumamos dizer que não
queremos que os filhos cresçam. Pode ser verdade. Porque, apesar do desejo de
vê-los adultos, independentes, decidindo a própria vida, temos medo de vê-los
adultos, independentes, decidindo a própria vida.
Provavelmente, seja um medo infantil,
resquício daquele tempo em que também fomos crianças e não queríamos perder as
pessoas que nos rodeavam.
O fato é que, como pai, sinto
a falta daqueles tempos de educação, quando pensávamos que sabíamos tudo.
Tínhamos respostas para todas
as perguntas e, quando não tínhamos, respondíamos assim mesmo.
Hoje é dia deles. Das
crianças...
Então, é inevitável lembrar
desses adultos que serão sempre nossas crianças.
Querer vê-los nas nossas
costas, sorrindo; saltando na cama, com um sorriso maior do que a boca; montando
aquela miniatura perfeita da moto, pecinha por pecinha; enfrentando as ondas, sem
medo, enquanto o medo ficava comigo na praia; estreando como centroavante naquele
time estrangeiro, cheio de esperança; passando o final de semana não sei onde,
com não sei quem, enquanto eu rezava para estar tudo bem; incógnito sob a fantasia
de Freddy Fazbear do FNAF; esperando na escola, enquanto eu levava a
sósia para casa...
Lembranças. Hoje é um bom dia
para lembrar. Lembrar que, de qualquer forma, serão sempre filhos e eu, sempre
pai.
Melhor do que lamentar porque
as minhas crianças não são mais crianças.
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