A REDE
2023 maio 28
Eu tenho dito e
escrito que o relacionamento é uma das minhas maiores preocupações, quando
trato de qualquer assunto que envolva pessoas.
Vemos muitas
situações de crise, problemas de saúde, síndromes e transtornos e, ao final,
observamos que estão, de alguma forma, ligados a questão do relacionamento.
As pessoas estão
sofrendo por não conseguir se relacionar. É muito estranho perceber que as
pessoas andam pelas ruas, olhando sem enxergar o que está acontecendo, sem
notar que há outras pessoas em sua volta. Parecem fechadas em seu próprio
mundo, mas, no entanto, não conseguem se relacionar nem consigo mesmos.
Sabemos que não
estamos aqui para sobreviver. Precisamos viver e conviver... e, para isso,
precisamos de relacionamentos.
Há tempos, eu
adotei uma maneira de viver para contrariar esse tipo de comportamento. Invariavelmente,
em cada lugar onde eu estou, procuro me comunicar com as pessoas que estão no ambiente,
inclusive tentando identificar seus nomes para chamá-las. A resposta que eu tenho obtido é fantástica.
As pessoas rapidamente passam a me identificar como alguém próximo, alguém do
seu relacionamento, e me devolvem um tratamento muito diferenciado. Por que isso
acontece?
Ao perceberem
minha forma de relacionamento, elas deixam de agir mecanicamente, executando a
função momentânea. Parto do princípio de
que, antes de haver um vendedor, um atendente, um motorista ou um cobrador (por
exemplo), há uma pessoa que gosta de ser tratada como pessoa, independentemente
da função em que ela está executando. Isso ajuda com que a pessoa se sinta mais
plena, melhora seu relacionamento consigo mesma.
Para que haja
um relacionamento real com as pessoas, é necessário que seja evidenciada a pessoa
que existe dentro de cada um, com seus problemas, com suas limitações, com suas
qualidades e seus defeitos.
Eu tento viver
assim e passar essa percepção para quem convive comigo. E noutro dia, um fato
me chamou muita atenção. Estávamos no carro, eu e meu filho Thiago, voltando
para casa, por uma grande avenida. Observei que as árvores estavam sendo
podadas e comentei com o meu filho (adolescente de 16 anos):
- Olha, estão
podando as árvores! Que bom, né? Isso é importante porque as árvores precisam
ser podadas para cresçam e se renovem. Minha intenção, era fazer uma metáfora
com a vida humana.
Mas, para minha
surpresa, ele olhou para uma das árvores e disse:
- Poxa... que pena! Aquela mulher limpa os para-brisas, costumava atar a rede naquela árvore... Agora ela não poderá mais descansar na rede...
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